27.10.05

No fundo, nasci foi para isso

Eu sei, eu sei, o que está a dar é ser hiper-ultra-super-kazumsónica gaja; a mulher-concorde que em menos de duas horas circunda um planeta onde vivem coisas estranhíssimas como seres muito baixotes que berram desalmadamente e só se calam se forem enchidos de açúcar, bocados de carne ou peixe em blocos de gelo que se colocam dentro de umas caixas que fazem plim passado um bocado e ainda são depois metidos dentro de uns instrumentos que vão para cima de chapas quentes ao mesmo tempo que se mistura um pó dentro de um líquido que depois se serve com colher, filas de pessoas a empurrarem carrinhos de metal aos quadrados cheios de caixas e frascos e pacotes, sítios onde lhe arrancam os pêlos e lhes enchem o cabelo de água e espuma para depois tirar, e onde também se encontram em todos os lados outros seres mais altos que os baixotes e que andam sempre de trombas dentro de quadrados em cima de coisas redondas com luzes e apitos, caixinhas com uns botões que se carregam e se encostam ao ouvido e se fala lá para dentro quase sempre para dizer ai que estou mesmo atrasada e ainda consegue, esta mulher-concorde, chegar ao destino sem uma falha no baton.
É giro.

Mas eu não quero nada ser kazumsónicakamiconcordekazegaja. Eu nasci para acordar de manhã (já tarde), olhar para as unhas e pensar nas unhas, isto é, no sentido da vida, o resto do dia. Uma coisa assim transcendental, etérea, uma busca da perfeição nas unhas, na alma digo, uma reflexão continuada no verniz, quer dizer, na sabedoria eterna, enfim, assim coisas profundas que incluam base e top coat. No fundo, no fundo, nasci para dondoca; mas é mais chique chamar-lhe filósofo.

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