29.10.05

Quase ao teu ouvido

Se me pudesses ouvir eu dizia-te que te amei muito. Desejei-te num silêncio que ainda hoje me dói. Queria ler as tuas cartas para te poder rever, mas agora já não tremo. Mas que feitio o meu, rasgar tudo, partir os restos em pedacinhos com a ilusão que tu irias com eles. Eu sabia que seria o tempo o meu amigo e o meu desconsolo. Se me pudesses ler, dizia-te que, por vezes na distância, sentia o teu calor ao acordar. Se eu soubesse escrever havias de perceber o meu desencanto. Terias escutado o coração se o tivesses ouvido. Eu dava-te o meu, inteirinho, verdadeiro, com tudo, com o bom e o mau, na felicidade e na angústia. Foi tudo tão curto, tão pouco, a prazo, com data marcada. Depois de ti já amei, já deixar de amar e tornei a amar. E agora nem sei bem porque me fui lembrar de ti. Se me pudesses ver, saberias que já não choro. E eu a escrever que chorei por ti, que coisa esta... .Tu não me podes ouvir, mas eu dizia-te que hoje tens muitos rostos. E tu não gostarías de sentir esse calafrio. Ah sim... muitas vezes fingi que ignorava. Se soubesses ler os sinais havias de os ver. Estavam lá todos: nos meus olhos, nas mãos que afrouxavam no teu corpo, nas palavras que não saíam. Mas também sei que sempre que te sentires sózinho te vais lembrar de mim. Será o teu segredo. O nosso segredo.

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