21.10.05

Toque

Sou a favor de que no nosso corpo quem manda somos nós e, na intimidade, podemos e devemos fazer com ele tudo o que bem entendermos, quer sozinhos, quer acompanhados. Uma coisa que sempre me fez impressão, foi chegar aí aos vinte e tal anos e perceber que muitas mulheres que conhecia, sem serem virgens já há muito tempo, nunca ou quase nunca se tinham tocado. Claro, que isso não é coisa que se ande para aí a bradar aos céus e por isso sempre assumi, que tal como eu, todas elas se tocariam normalmente, quer na descoberta do seu próprio corpo, quer na busca de um prazer, que apesar de ser menos completo, existe e satisfaz.

Fiquei mesmo chocada, quando numa acção de formação para dar educação sexual a adolescentes, se fez um inquérito totalmente anónimo e, os resultados eram abissais. Numa população escolar de vários níveis sociais, com idades compreendidas entre os 14 e os 17 anos, todos os rapazes assinalaram que já se tinham masturbado, enquanto apenas dois por cento das raparigas o admitiam ter feito e, só um por cento da totalidade do do universo feminino o fazia com alguma frequência. No entanto, quase sessenta por cento delas já tinham tido relações sexuais, tinham feito sexo oral e, uma percentagem delas, que já não me lembro bem mas era superior à da masturbação, tinham também experimentado sexo anal.

As diferenças corporais, acredito que são determinantes para que a totalidade dos rapazes o faça. Perante uma erecção, deve haver muito pouco a fazer, senão deitar-lhe imediatamente a mão e seguir para bingo. Mas, em relação às mulheres, a falta de interesse aparente pelo seu próprio corpo, não se pode basear apenas na falta de uma erecção visível e na educação, que será a explicação mais óbvia e neste caso também, mais à mão; até porque por experiência própria, venho de uma famíla em que não se falava de sexo e em que por exemplo, a minha mãe acedeu a comprar-me primeiro um maço de tabaco do que uma caixa de tampões, que já usava desde os meus onze anos.

Olho para trás e percebo hoje, que quanto mais me toco ou quanto mais me tocam, continuadamente, mais prazer sou capaz de sentir, que há uma espécie de memória sensorial cumulativa que o corpo adquire e, o prazer parte sempre do fim da última sensação, como um jogo que se deixou a meio.

Pergunto-me às vezes, que se houver mesmo um nível destes de abstenção por parte das mulheres, quer em relação à masturbação, quer ao conhecimento do seu corpo, que quantidade (leia-se qualidade) de prazer não estarão a perder.

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