21.5.06

ainda ninguém caiu borda fora

Algumas repousam ao sol, no convés, enquanto a China Blue e a Krassy preparam as caipirinhas. Eu mesma estou a fazer um pesto e a Louca dispõe numa travessa uma salada às cores. A Teresa lê em voz alta, consigo ouvi-la daqui. A Mariana está a escolher um disco, a Maria Rita dança, em biquini e paréo, Crazy, dos Gnarls Barclay. Mergulhando regularmente uma caneta de aparo num frasco de tinta de escrever vermelha, a Santinha escreve receitas de barrigas de freira e papos de anjo em folhas de papel branco mate. Chega-me a voz da Beatriz, a descompor brandamente (o marido?) pelo telemovel. Debruçada sobre a amurada, a 100nada fala com um golfinho, e vai dando umas achegas à conversa em surdina entre a Alice e a Isabel, que cortam fatias de pão escuro; a última espalha protector solar sobre as costas da sempre tão calada Vera. Nunca mais recebemos cartas da Ana, comenta a 100nada. Pois não, digo eu. Grande cacofonia de vozes, a nossa, volta a 100nada. Pois é, respondo. Mas o mar continua a ter ondas, verdes na origem, brancas na espuma e azuis quando querem o céu.

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