26.7.06

Insólitos desta vida

Eu já vivi muito e já vi muita coisa nesta vida apesar de estar ainda longe do meu auge que ainda sou muito nova apesar de não parecer. Mas esta que se me atravessou hoje no caminho, isso é que nunca tinha ouvido falar nem sei se é possível que aconteçam coisas destas que nem em filmes nunca vi nada de semelhante. A Micaela, que é uma das meninas que trabalham connosco e que é uma boa alma mas com umas ideias assim peregrinas que eu nem sei de onde ela as tira, veio fazer-me uma proposta. Não é bem uma proposta é mais um pedido. Eu ainda nem lhe disse nada porque fiquei tão atordoada com o que ela me veio dizer que ainda nem digeri bem a coisa que ela quer que eu faça.

Ela é casada mas o homem dela coitado é completamente e irreversivelmente impotente e ela portanto que queria ter filhos e largar esta vida, e que o homem lhe prometeu que a deixava largar esta vida assim que ela engravidasse, pois ela anda a tentar magicar conseguir sem ter que se sentar na casa partida uma vez que essa ao que dizem os médicos está mesmo partida de vez e sem retorno possível aos tempos de outrora. Sim que o homem da Micaela tinha idade para ser paizinho dela mas isso eu já nem vou comentar que cada um escolhe para si o que acha que para si servirá melhor.

E depois há o Sérgio. O Sérgio é um galã que trabalhou aqui connosco durante uns tempos mas a coisa não durou muito porque as meninas se engalfinhavam sempre todas quando chegava a hora de escolher quem era que desfaleceria nos braços dele no fim de cada espectáculo. E o Jacinto às tantas fartou-se de tanta gritaria por causa de um homem só e mandou o Sérgio embora com muita pena minha e do resto das meninas porque ele era um gentleman na vida e um astaire na dança e só sabe quem precisou algum dia de ser amparada mas de tal forma que não se percebia que o estavamos a ser. E ele era assim, forte mas subtil com um toque final na forma de umas covinhas que se formavam naquelas bochechinhas apetitosas de cada vez que sorria. Confesso que até eu tinha um fraquinho por ele apesar de eu oficialmente ser a mulher do Jacinto embora eu sempre lhe tenha dito que era frígida até às pontas dos cabelos e que nutria por ele um amor do género plantónico o que parece que o satisfaz e a mim também me dá jeito porque ele me protege sem exigir nada em troca a não ser esforço e dedicação aqui à casa e aos espectáculos.

Mas a desmiolada da Micaela perdeu-se de amores pelo Sérgio e por aqueles olhos em forma de amêndoas doces e por aquela boquinha que parece que escorre mel, e vai daí meteu na cabeça que tinha que ter um filho dele e tinha que ser mesmo só com o pormenor técnico que não queria ter contacto físico de nenhuma espécie com ele porque senão ainda podia perder a cabeça e esquecer de vez o plano de largar esta vida enquanto ainda é nova. E quer ela, atente-se bem a este detalhe nada insignificante, quer ela que eu me enfie na cama com o Sérgio e de alguma forma lhe faça chegar a semente dele convenientemente recolhida num preservativo e imediatamente enfiada num saco de gelo que ela depois dará seguimento ao assunto da trasladação do sumo do Sérgio para dentro lá dos ontários dela. Mas será que cabe na cabeça de alguém tal coisa?? E que eu seja mero isco e recipiente dos conteúdos mais íntimos do Sérgio? E não conseguirá ela descortinar tanta coisa tanta que pode correr mal neste plano retorcido a começar pelo facto de eu própria me expor a ser apanhada e desgraçada pelo Jacinto que com toda a certeza não achará piada nenhuma ao facto de eu estar ali por baixo do Sérgio apenas no intuito de recolher seu derivado fertilizador para o ir levar à Micaela?

A única coisa que me faz vacilar é que realmente eu já estive nos braços desse homem rapaz e digo-vos que quem por lá passou não dá volta atrás. Nunca mais me conseguirei recordar dele sem sentir esse mesmo arrepio na espinha que nessa altura me vinha quando sentia a sua pélvis a roçar na minha… mas há que ter juízo que eu sou como uma mãe para estas meninas apesar de o ser só em maturidade e não em idade, entenda-se! Mas que o Sérgio me desinquieta e me tira do sério em muitas noites de insónias lá isso tira… e nem posso esticar-me muito porque o Jacinto está mesmo deitado ali ao lado e se me ouve gemer lá se vai a minha frigideira fingida pela janela fora e lá me verei forçada a levar com ele no lombo e ele não é nenhum Sérgio, ó pois não!

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