30.8.06

Renda-se a mim!

Nem sei o que faça com isto que a Micaela me pediu para ver e entregar ao Sérgio que hoje veio cá visitar-nos. É que a rapariga nem fala bem português e eu acho que ela anda a ouvir demasiada rádio mas deve ser uma mistura género pastoral com música ligeira portuguesa e se calhar com coisa de novela à mistura e eu entender o que está aí em baixo descrito, vá lá vá! Pois então ela que se entenda com o Sérgio que eu não percebi patavina e nem me atrevo a mexer num ponto ou virgula que seja não vá sair asneirada e depois ainda sou eu que fico marcada. Mas porque é que estas raparigas insistem em meter-me no meio dos seus dramas de amores de faca e alguidar! Resolvam-se duma vez que este mulherio está a ficar impossível de aturar!

Meu querido Sérgio,

Hoje eu tenho este pedido para você que não pode ser mais adiado! Você tem estado a brincar com o meu sentimento mais puro e cálido por um tempo demasiado prolongado e agora está nas suas mãos, entre elas mesmo, tomar uma imediata acção para remediar esta situação. Venha se encontrar comigo após o espectáculo de hoje e deixemos que a minha rata e o seu cobra brinquem a seu belo prazer deles! Eu digo-lhe que esta noite de lua mal esbarrigada será a primeira vez em toda a história da humanidade desde que a serpente se perdeu na rata de Eva, que uma rata engolirá um cobra duro como rocha e entesado como um corno inteirinho sem deixar o mais pequeno bocadinho que seja para contar a história às outras ratas que por aqui andam aos saltos ansiando pelo seu cobra colossal.

A minha rata diz que lhe aplaque a morte súbita por envenenamento total! Mas daquela que não se morre mesmo e só parece que nos finamos ali porque esticamos o pernil mas depois a gente volta a si e está pronta para outra desde que a sua cobra tenha lá mais desse vigoroso veneno que nos abafa e nos refega sem nos liquidar! Pois esgromite-se todo lá para dentro que eu não vou nem me importar e nem sequer me darei ao trabalho de limpar para o efeito do seu veneno em mim se prolongar…

Me ataque esta noite que eu vou lhe deixar! Renda-se aos meus encantos felpudos e macios e eu lhe aliviarei de tudo o que tiver aí para eu chupar! Só não aceito reclamação dos pelos que você na língua apanhar porque cobra que é homem engole tudo sem nunca protestar!

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