14.2.07

Blow job

Olhou ensonado para o ecrã do pc. Não, definitivamente o dia não lhe estava a correr da melhor forma. As palavras não fluíam, tinha a mente bloqueada para além do ponto em branco que agora fixava. Os seus olhos cinzentos sentiam-se cansados, esgotados, vazios daquela chama inspiradora que antes o trouxera determinado dias e dias a fio. Era ela, aquela figura esguia, que lhe vinha pouco a pouco penetrando os pensamentos, como se os sonhos já não lhe bastassem. Aquela mulher morena, de pele cor de chocolate, era uma interrupção surda na vida que outrora tinha sido pacata. Ia e vinha, de forma inconstante e sempre quando ele já não a esperava. Viria hoje? Hoje era um bom dia…

De novo olhou para as teclas que tinha à frente, todas diferentes, todas iguais. Letras e palavras e ele que hoje só queria um cheiro, um sentir, uma língua… Sentiu o monte a avolumar-se, era sempre assim que ficava quando pensava nela. Autónomo o membro impunha-se-lhe por entre as pernas. Desesperante! Desesperado deixou-se cair sobre o teclado, como se fosse um condenado a prisão perpétua. Ela libertara-o mas também o prendera e de forma irreversível…

Não ouviu a porta a abrir-se por trás dele, nunca se lembrava que um dia lhe tinha dado a chave que ela raramente usava. Só sentiu uma mão a passar-lhe pelos cabelos em desalinho. "Estavas à minha espera?", comentou ela a sorrir e ele sem saber como responder assentiu apenas, sentindo o cinzento dos olhos a fugir uma vez mais. Ela riu-se e virou-o para si. Ajoelhou-se entre as pernas e olhou para o monte que se agigantava ao ponto de quase o fazer lacrimejar de dor. "Time to set you free", era ela que tinha a chave, essa mulher cujos dedos ele agora sentia, desapertando-lhe o fecho das calças, puxando-lhe os boxers, e deixando surgir o membro orgulhoso, porta-estandarte do sangue quente que nele fervia. "É belo o teu amigo...", contemplativa a admiradora entusiasmava-se perante o portento da sua masculinidade. Era grande sim, era o seu orgulho de macho aparentemente igual aos outros, maior na sua nudez do que os outros todos em estado rígido (não que tivesse visto muitos nesse estado, entenda-se…)

Nada como uma mulher bela, de pele cor de chocolate, para exaltar o que de melhor possuía. "É lindo!", continuava ela mirando-o de todos os ângulos. "Invejosa…" pensou ele iluminado pela luz desse farol de cor escarlate que agora roçava nos cabelos da mulher morena. Era a hora dela, a vez dele, da nuvem que se levantava à medida que o ar se rarefazia à volta do seu farol e dedos. Os dele, e os dela, misturados em massagens circulares ascendentes. Eis que surge o primeiro sinal, e é ela que o colhe com a língua. Saboreia-o com prazer e sem palavras instiga-o a produzir mais… gotas que lhe escorrem numa cadência exponencial até atingirem um pequeno riacho de esporra que ela bebe sorrindo. "Mais…", geme sequiosa a bruxa que o enfeitiça, fada morena de dedos transformados em varinhas mágicas. Não é difícil satisfazê-la pois ele sente já as ondas que se aproximam do ponto de rebentação que deseja prolongar o mais possível, só para beber ele o quadro dela ajoelhada à frente do seu falo majestoso ejaculando. Abocanha-o agora ela, sugando desenfreada tudo aquilo que ele tem para lhe mostrar. Bebe o leite, líquido quente e espesso, batido, mescla, sumo, tudo… fluindo de um para o outro, em espasmos dolorosos de prazer marítimo!

A rebentação, libertação, deu-se e esse momento, esse curto, delimitado, celestial momento pairou num instantâneo que só serviu para que as palavras fluíssem novamente, como as gotas de esporra que ele ainda sente a deslizarem pelas suas coxas abaixo. Pena que ela já não esteja aqui para aproveitar essa réstea de esperança amordaçada que o remete de volta à prisão feita de sonhos e de pensamentos dessa mulher maldita que um dia poderá fazê-lo vir-se novamente…

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