20.2.07

uma borboleta em Tóquio ou um bicharongo no meu quarto

Postados num canto, alongavam-se. O oblongo media uns bons 8 cm de comprimento por 6 de envergadura, patinhas encolhidas. O outro tinha área de ocupação equivalente, embora atarracado. Falava-se ao telefone em clics dos bons. Pensei explorar a vertente dos cliques onomatopaicos, esborrachando os melgosões contra a parede, mas fui falha de audácia. Ali ficaram, depois de ter fechado cuidadosamente a porta para que dormissem descansados.
De manhã, alguém os soltou (meninos...!!!). Via-os subir e descer, planando, um deles com uma bola de cotão pendendo das patas. Ignorei-os, adoptando uma atitude pseudo-respeitosa, tipo já cá estavam quando eu cheguei.
Estendi a mão para a maçaneta. Um deles, o gordo, esvoaçou à minha frente, precipitando-se na direção do meu rosto. Virei-me de sopetão, gritei rua! e corri para abrir a janela. O embate do joelho numa gaveta aberta atirou-me aos berros - elegantes, claro - para cima da cama. Agora, um hematoma de 10 cm de diametro decora-me a perna.
Nunca saberei que desvio do destino o meu andar manco irá trazer à humanidade. Mas sei que por vezes um homem faz falta ou, em alternativa, a minha avó.

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