22.4.07

Do excesso de puritanismo

(Este post não é de todo dirigido a si, caríssima sem-se-ver, mas o seu comentário sobre hoje ser dia santo fez saltar umas tampas a umas caixinhas que eu já tinha para aqui fechado. Peço desculpa se ofenderei de alguma forma as suas convicções, mas exerço aqui a minha liberdade de expressão para precisamente expressar as minhas.)

Nos meus primeiros anos de vida apanhei uma injecção tal de catolicismo em forma de lavagem cerebral que isto só podia ter descambado numa de duas situações: rebeldia extrema ou bovinice conformada. Como tenho para aqui uns genes de rebeldia comprovada, felizmente segui pela primeira via, para total desagrado dos meus progenitores e restantes familiares. E o sexo, como é óbvio, é uma arma de provocação poderosíssima contra todos os bafientos católicos convictos e beatas de confessionário.

Eu não sou apologista da Igreja Católica, muito pelo contrário. Acho que é uma instituição machista, retrógrada, e brutalmente repressiva. Não me parece que é seguindo os caminhos que preconizam que alguém se liberte ou atinja a luz. Não digo que não haja no seu seio verdadeiros santos, homens que desistiram da sua humanidade para se dedicarem de corpo e alma à Humanidade. Mas nem todos podemos ser como eles, e a Igreja não sabe lidar com aqueles que não são.

Não digo que não haja valores cristãos que sejam nobres propósitos, como sejam a generosidade, a tolerância, a compreensão e até o amor ao próximo. Mas será que a Igreja os pratica quando tudo o que ouvimos das suas altas instâncias são negações, restrições e condenações?

A Igreja não soube acompanhar a evolução da sociedade civil. Parou no tempo, naquele tempo em que as mulheres assumiam um papel secundário em todas as áreas possíveis e imaginárias, incluindo no sexo (as mulheres católicas claro está, felizmente para as necessidades dos homens da altura restavam sempre das outras!)

Não consigo encontrar credibilidade numa instituição que não permite voz activa às mulheres nos seus quadros. Que continua a relega-las para um segundo plano, mesmo em termos espirituais. E que se recusa a aceitar o amor entre pessoas, quaisquer duas pessoas, como um elo de ligação tão válido como é o amor entre um homem e uma mulher. E que continua a propagandear o facto de o pecado ter nascido da mulher, de ser sempre ela a impulsionadora, se não mesmo a causadora, de um acto que a seu ver está errado (excepto para fins reprodutivos e espera-se que sem orgasmo, pelo menos da parte da mulher que acho que o homem não ejacula sem ter prazer!).

A Igreja Católica prejudica-nos mais do que nos beneficia, como sociedade e como seres humanos. E não é assim que atingiremos alguma tranquilidade em termos espirituais. Já para não falarmos em termos sociais. Os sociólogos do futuro devem estudar o comportamento das nossas camadas mais jovens e tentarem moldar uma sociedade que se adeqúe melhor às suas necessidades. Não estou a preconizar o vale-tudo! Mas entre uma sociedade mais permissiva e adequada às necessidades dum leque mais alargado de cidadãos e cidadãs e qualquer coisa tirada dos anais da Idade Média, há-de haver um meio termo que seja um bom termo para todos!

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