27.4.07

num beijo

Beija-me, só mais uma vez, dizem, não páres, não!, não páres de me beijar! Ó meu deus, esses teus beijos, nunca fui beijado assim... Pensam, os narcisos mentirosos, deve estar muito apaixonada. Julgam, coitados, que não beijamos assim, que não colocamos toda a amplitude do maxilar, do movimento dos lábios e da versatilidade da língua em qualquer beijo que demos.
E vão imaginando as nossas boquinhas de broche, vistas de diferentes ângulos: o fellatio do século, só para eles. Lambemos as comissuras e já antecipam a nossa língua na ponta da ponta deles. Enrolamo-los contra o céu da boca e têm flashes de garganta funda.
Enquanto lhes furamos o coração através da língua, adivinham-nos a cona tornada boca. A chupar a flor da pila, a apertar-lhe e a engolir o estame que cresce, mais e mais, dentro de nós. Brinca, brinca, com os lados, para logo cair dos limites. Como quem colhe umas flores e subitamente engole a espécie até ao fim. Ao roubar-lhes o pensamento pela boca, preparamo-los, rendidos, para a foda que nos vão dar.

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